Conversando com Adultos Sobre o Desenvolvimento Sexual na Infância e na Adolescência

Falar sobre sexualidade atualmente é muito mais que responder perguntas enbaraçosas de nossas crianças, orientar sobre métodos contraceptivos e dar aula de anatomia para adolescentes durante o período letivo. É preciso compreender a complexidade do desenvolvimento físico, emocional, sociocultural e, principalmente, as experiências vividas por cada indivíduo que influenciam no seu comportamento sexual. A vivência da sexualidade depende de uma série de fatores que mesmo quando são comuns a um determinado grupo não é interiorizada subjetivamente da mesma forma para todos. A permissividade, a proibição, a afetividade, as regras morais e crenças religiosas, o histórico familiar, o acesso às informações e os critérios de orientação sexual são influenciados pela diversidade e pela pluralidade das relações. E o que fazer quando pessoas tão diferentes precisam conviver com um tema tão polemico? Aceitar a possibilidade da diferença, seja ela qual for, já é um primeiro grande passo.

A qualidade da informação obtida sobre o tema é outra barreira a ser rerrubada. Existem vários mitos, crendices e dúvidas que os próprios adultos carregam ao longo da vida e diretamente ou indiretamente passam isso para as crianças e adolescentes. Estes pequenos acabam se deparando com um material fantasioso e não correspondente às necessidades deles, o que faz com que eles procurem algumas respostas em fontes menos confiáveis. O conhecimento sobre o assunto não se dá por especulações. Portanto, leia, pesquise, pergunte e procure fontes seguras para entender o que já foi descoberto e estudado pela ciência médica, comportamental e social. Busque também conhecer as leis estabelecidas no País para o controle de abusos e que servem para preservar os direitos das crianças e dos adolescentes.

Promova debates, incite a dúvida em sala de aula, tenha abertura para conversas informais, realize projetos e campanhas, escreva boletins informativos e não tome sexo como o tabu. Mais cedo ou mais tarde crinças e adolescentes entram em contato com o tema, é melhor que este encontro seja feito de forma natural porque isso é efetivamente humano. A curiosidade e o interesse surgem aos poucos, converse aos poucos também. Converse sobre isso e perceba que eles, apesar da pouca idade, podem se comportar de forma madura quando o adulto se coloca consciente e tranquilo. Aproveite situações inesperadas para avaliar e orientar aqueles que estão se abrindo para os primeiros contatos com algo que fará parte da vida deles pelo resto de seus dias.

Não se esconda ou passe a responsabilidade para os outros. Tenha boa vontade. Aprenda a lidar com isso de forma leve, mesmo que ninguém nunca tenha lhe ensinado antes. Como adulto você pode aprender sobre o assunto e melhorar muito suas relações. Busque também as suas respostas e tente entender porque determinados assuntos lhe incomodam tanto. Por que é tão difícil falar sobre sexo? Do que você tem medo? Será que o problema não está em você? Como você obteve informações sobre sexualidade, sensualidade ou relação sexual? Quais os seus conceitos e preconceitos? Você tem direito a interiorizá-los a sua maneira, menos negar que pensamos e agimos diferentemente. Você tem respeitado o outro (criança, adolescente ou adulto) como ele realamente é? Ou tem tentado impor suas vontades e necessidades àqueles que convivem com você?

Psicóloga Cristina Mollica