Na terapia o indivíduo torna-se verdadeiramente um organismo humano, com todas as riquezas que isto implica. Ele é capaz de controlar a si próprio e está incorrigivelmente socializado nos seus desejos. Esta é a descoberta que, se pudéssemos acrescentar à experiência visceral e sensorial que caracteriza todo o reino animal, o dom de uma tomada de consciência livre e não deformante da qual unicamente o ser humano parece capaz, teremos então um organismo consciente das exigências fisiológicas de alimentação ou de satisfação sexual – igualmente consciente da sua necessidade de amizade como o seu desejo de engrandecimento pessoal _ consciente da ternura delicada e sensível em relação aos outros, como dos seus sentimentos de hostilidade. Quando esta capacidade que o homem possui funciona de forma livre e integral vemos que temos diante de nós não um animal que devemos temer, não uma besta que devemos controlar, mas um organismo capaz de alcançar, graças a notável capacidade do seu sistema nervoso central, um comportamento equilibrado e realista valorizando-se a si mesmo e valorizando o outro; comportamento que é resultante de todos estes elementos da consciência.
(Carl Rogers; Tornar-se Pessoa)